Na sopa de letrinhas do mercado financeiro, a dúvida sobre o que é CDI está entre as mais comuns. Ao contrário do que se possa imaginar, ele não é um investimento ao alcance das pessoas. Na verdade, ele é um título privado que apenas os bancos podem negociar entre si. Então, qual a utilidade dele para os investidores?
Saiba exatamente o que é CDI, como funciona esse indexador, como ele é calculado e a sua finalidade, bem como a influência dele em seus investimentos ao longo deste conteúdo.
O que é CDI?
O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é um título de curtíssimo prazo emitido pelos bancos. Em algum grau, ele se assemelha ao CDB. Isso porque o CDI também é usado pelas instituições para captar recursos.
Mas há uma diferença fundamental entre eles: o certificado de depósito interbancário não é oferecido diretamente aos investidores individuais. Como o próprio nome indica, ele serve para que os bancos emprestem e tomem recursos entre si de um dia para o outro. O CDI tem prazo de vencimento de um dia útil.
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Qual é a relação entre CDI, Selic e taxa DI?
Se você já tinha ouvido falar em CDI, certamente também conhecia outro termo comum no mercado: Selic. Abreviação de “Sistema Especial de Liquidação e de Custódia”, a Selic é considerada a taxa básica de juros da economia. Também é usada em operações financeiras realizadas entre os bancos, com uma característica especial: elas envolvem títulos públicos dados como garantia.
A cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para definir a Selic. Essa é a taxa que você encontra periodicamente nas notícias sobre macroeconomia e investimentos.
Como a Selic é definida para servir como uma espécie de ponto de equilíbrio da economia, o usual é que essa taxa e a taxa DI caminhem próximas. Isso porque os próprios empréstimos entre bancos feitos por meio de CDIs também consideram a Selic como referência. Por isso, embora as duas taxas não sejam idênticas, ambas seguem a mesma tendência e direção.
O que significa render 100% do CDI?
Muitos investimentos oferecem remuneração atrelada à taxa DI. Normalmente, ela é expressa como um percentual. Quando se afirma que um CDB (ou uma LCI, uma debênture ou a aplicação que for) oferece 100% do CDI, significa dizer que ele assegurará ao investidor um retorno equivalente à taxa média integral dos empréstimos realizados entre os bancos.
Se, por outro lado, o CDB oferecesse 80% do CDI, o investidor teria como remuneração apenas uma parte da taxa DI – no caso, de 80%. Mas, nas duas situações, há algo em comum. Se a taxa DI subir durante o período do investimento, o retorno final para o investidor também aumentará. Se cair, o retorno será menor.
Como calcular a rentabilidade de um investimento atrelados ao CDI?
Para calcular a rentabilidade de um investimento atrelados ao CDI, siga estes passos:
- Identifique a taxa de CDI do período: Você pode encontrar a taxa DI diária, mensal ou anual no site da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo).
- Verifique a porcentagem do CDI oferecida pelo investimento: Essa informação geralmente está disponível no material informativo do produto, como prospecto ou site da instituição financeira.
- Aplique a fórmula:
Rentabilidade = Taxa CDI do período * Porcentagem do CDI / 100
Exemplo:
Se você investiu R$ 1.000 em um CDB que rende 100% do CDI por um período de 1 mês, com taxa DI de 1,12%:
Rentabilidade = 1,12% * 100% / 100 = 1,12%
Rendimento do investimento: R$ 1.000 x 1,12% = R$ 11,20
Investimentos atrelados ao CDI
Uma variedade de investimentos têm a remuneração atrelada à taxa do CDI. É o caso dos CDBs, das LCIs, das LCAs, das debêntures, dos CRIs, dos CRAs e dos fundos DI.
Como o CDI afeta a vida das pessoas e seus investimentos?
Se um cidadão não pode investir em CDI, como o índice pode afetar as aplicações que ele faz? Esse é um ponto importante para entender de maneira aprofundada o que é CDI.
A resposta é simples.
O que acontece é que os bancos usam a taxa para regular o rendimento de alguns investimentos, por isso ela acaba influenciando nas aplicações financeiras.
Para quem é investidor em renda fixa, a alta da taxa do CDI é sempre interessante. Afinal, ela significa que os investimentos vão ter um rendimento igualmente alto.
Contudo, para a economia como um todo, altas no CDI podem significar um problema, porque refletem um aumento no custo do crédito.
Ou seja, quanto mais alta a taxa, maiores os rendimentos para quem investe, porém, mais caro o crédito para quem pede emprestado ou faz um financiamento, por exemplo.
Portanto, o índice não impacta apenas os investimentos, mas é também considerado uma taxa de juros, influenciando diretamente o mercado financeiro de maneira geral.
Como a taxa do CDI é calculada?
A taxa tinha a proposta de disciplinar os empréstimos interbancários. Só mais tarde passou a ser usada como taxa de indexação para investimentos em renda fixa, como CDB, letras financeiras, debêntures, entre outros.
Os investimentos que usam o CDI como meta de desempenho se propõem a pagar um percentual dessa taxa.
Essa taxa é diária e quem faz o cálculo sobre ela é a B3, empresa que administra a Bolsa de Valores de São Paulo.
A B3 faz a média das taxas de juros praticadas pelos bancos naquele dia para os empréstimos interbancários de curtíssimo prazo. Essa média é a taxa do CDI do dia.
Esse índice é prefixado e quem faz a sua divulgação é a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip).
A Central é responsável pela infraestrutura e tecnologia que permite ao mercado financeiro funcionar. Ela também supervisiona e fiscaliza as operações financeiras de empresas e investidores.
Na hora de calcular a rentabilidade de um título indexado pela taxa do CDI, é levado em conta o acumulado das taxas ao longo de um determinado período.
Por isso, existe a taxa do CDI anual, conhecida como CDI Over. É possível calcular a CDI Over por meio do Índice DI, no site da B3.
Quais são os impactos do CDI na economia e nos investimentos?
Agora que você já sabe o que é CDI, deve estar se perguntando como ele influencia a economia. Como já mencionamos, ele movimenta as instituições financeiras, já que é uma transação feita entre os bancos.
Digamos que quando há uma restrição ao crédito para o mercado em geral, os consumidores passam a realizar muito mais saques do que depósitos. Dessa forma, os empréstimos passam a acontecer em um volume muito maior.
Além disso, há uma norma que determina que o CDI e a Selic sejam equiparados. Com isso, ele também é impactado pela situação econômica. Afinal, quanto maior for o indicador, maior é a dificuldade de acesso ao crédito e maiores são os sinais de crise financeira.
Já nos investimentos, a taxa CDI faz com que eles sejam mais ou menos rentáveis. Isso porque, quando falamos de títulos privados, existem índices que acompanham esse valor, como por exemplo o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e a Letra de Câmbio Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA). Estas opções variam com uma porcentagem do índice e podem, até mesmo, ultrapassar 100% do CDI.
Por que o CDI pode ser mais vantajoso que a poupança?
Um cidadão comum não pode investir no CDI, mas os bancos usam a taxa para regular quanto rendem alguns tipos de investimento. Neste caso, quando o investidor faz uma aplicação de Renda Fixa, como o CDB, por exemplo, o rendimento é pago com base na taxa CDI.
Atualmente, a caderneta de poupança, um dos investimentos preferidos dos brasileiros, têm rentabilidade muito baixa se comparada às aplicações em Renda Fixa. Isso acontece porque a poupança rende em geral o equivalente a 70% da taxa Selic.
Como a Taxa Selic está em patamares baixos, a rentabilidade anual da poupança chega a perder da inflação. Por isso, ela tem se tornado menos vantajosa para quem não necessita retirar o dinheiro em um curto prazo.
Considerando tudo isso, se você tem certeza de que uma determinada quantia não será usada agora, é muito mais interessante e rentável aplicá-la em um CDB.